domingo, 14 de setembro de 2008

Dissílabo amor

- Te amo.

- Tanto.
- Tonto.
- Tento.
- Tinta.
- Tonta.
- Toda.
- Tudo.
- Tuo.
- Tua.
- T.a.
- Tb.a.
- Tanto!
- Tanto!
- ..........
- ..........

Schwab-Figueiredo
She loves him too
He's a label on her heart
She's a label on his heart
And as he made her his tag
They both became one
Under his name

sábado, 13 de setembro de 2008

Gente apaixonada é meio boba. Se pega de repente, olhando pro nada, como se o nada fosse a coisa mais perfeita do mundo. Como se o horizonte fosse feito, inteiro, única e exclusivamente pra ser contemplado ao lado do outro. E o outro, no caso, não fosse mais que uma extensão de você mesmo, mas mais bonito, mais sábio, mais doce, mais vívido, que são essas as cores que tingem o ser amado.
Paixão é presença. Vai tomar chá, lá está o outro. No aeroporto, no cinema, numa loja de brinquedos, numa boutique de lingerie. Lá está, invariavelmente, o ser amado, sendo consultado, dando opiniões, ou mesmo quedando mudo de espanto e de felicidade. Não existe saudade quando se está apaixonado. O que há é uma vontade de estar ainda mais perto do que a própria palavra distância, um incômodo em cada átomo e cada segundo que separam você daquela parte de você que te interessa tanto.
Paixão não tem música própria. É inútil dizer que ouviu uma música e lembrou do outro. Invariavelmente, em qualquer melodia, o outro ali está. Todo musicista do mundo é, por lei e por desígnio, um empregado seu, com a única e nobre tarefa de colocar em som aquilo que seu coração teima em dizer sem voz. Aliás, lembrar do outro é impossível, pois que não há esquecimento, não há hiato, não há nada mais, só vocês e esse amor que queima sem consumir.
Paixão não tem idade. É sempre adolescente, inconsequente, onipotente. Perde o limite, perde a vergonha, vence o medo, assusta a melancolia, manda a tristeza embora.
Se você é capaz de achar que não é dessa vez, isso não é paixão. Ela não admite dúvida. Sócrates, por exemplo, não diria que nada sabe se estivesse apaixonado. Ele teria certezas absolutas, concretas, indissolúveis. Todas, invariavelmente, acerca da hipérbole do seu próprio amor. A paixão é megalomaníaca, pois. É intensa. É verdadeira.
A paixão é terapêutica. Faz bem pra pele, pros cabelos, emagrece. Deixa brilho no olhar. Descansa o semblante. Faz a gente se sentir leve, leve, como era quando criança.
A paixão é cientista. Descobridora. Desperta interesses até então desconhecidos, impulsos nunca antes imaginados, vontades guardadas a sete chaves. Não há onde não penetre. Não há uma que nada produza. Paixão faz brotar flores nos dedos, só pelo prazer de colhê-las para quem tanto se quer. Deixa o coração e a mente abertos a cada mínimo detalhe, a cada pequena idéia que seja capaz de tornar a vida do seu amado milimetricamente mais bela.
Paixão é isso, que me tomou de assalto, e que me faz a mais ditosa das mullheres.