quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Ciclo

Eu erro tanto
que de errar me culpo
e em me culpar eu fujo
e em fugir eu erro...

E a todo tempo
estás lá
não apenas a observar
- o que já seria muito
mas me amando
no gerúndio
pois que teu amor não tem
passado
nem futuro
é só um presente
infinito

E eu, desse amor sem limites
me constranjo
e mais ainda erro
sozinha
como se não fosses
Mas ÉS

Guia minhas mãos,
amado,
pra dentro desse amor
que eu nunca ouvi dizer
que existisse
e me proteje de mim
me proteje em nós

Perto de ti
me sinto criança
reaprendendo
que amar existe
que segurança existe
que presença existe
que profundidade existe
e estão guardadas
em um subsolo

Agonia

Se eu te perdesse hoje
seria um desastre
um horror
um espetáculo de aberrações
Porque estaria
invariavelmente
dilacerada
rasgada em partes
feita em pedaços disformes
Já que é você
o melhor de mim
sobrariam só
fantasmas
do que eu seria contigo
e não fui....

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Macaco hidráulico


Fiz um poeminha cruel
composto de mágoa e dor
pra encaixar sob teus pés
de modo que ao erguê-los
possa tirar meu orgulho
sobre o qual pisastes

Partir


Se eu pudesse
partiria
um lustre
sobre ti
pra que os mil cacos
te despedaçassem
como fizestes
a mim
usando apenas palavras

Se eu pudesse
me partiria
a mim
na metade
pra que vejas
o que fizestes
sem ver

Se eu pudesse
simplesmente
partiria...

E-motivo

Por te amar tanto
e tão sem limites
e tão sem barreiras
e tão sem máscaras
é que não posso
te odiar menos
do que faço agora