quarta-feira, 29 de agosto de 2007

São Paulo - cap I


Existe São Paulo e a São Paulo que eu sonho. Descobri que um Congresso é um jeito diferente de tirar férias. Bom, lá vou eu fazer as malas.

Pra que dormir tanto?

O que foi isso? Me perco no limite entre querer e querer bem. Quanto tempo existe entre a sua boca e o botão da minha calça? Ah!, seis anos. Inteiros. Mas minha vontade se desmancha quando você chega... E aí só sei que junto de você sonho gostoso. Quase como se sonhar não tivesse idade...

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Benji


Dorme enrolado no meu colo. Repousa, a dizer bem, que a cada turvar de brisa aguça o ouvir, como se antevisse o futuro. Cheira, absorve tudo, sniff sniff, faz meu cão. Que olhos espaçosos, abismados - guardas minhas emoções aí dentro?
Os modernistas inauguraram, e hoje se festeja, a arte de escrever sobre o nada. Porque, em resumo, a vida é a sucessão de pequenices.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Sobre o tópico anterior

É preciso esclarecer uma coisa. Não, alegria e felicidade não são o mesmo. Lembra do Sthendal? Aquele mesmo, Le rouge et le noir. "Estava muito menos alegre e muito mais feliz." Há quem possa interpelar que, pra tal sutileza na distinção, necessário é ter nacido em Grenoble. Pois sim, afirmo categoricamente (o que exatamente quer dizer isso?, mas soa bem), nem faculdade é preciso. Alegria tem semblante. Transborda, aparece, se faz notar. Felicidade é aconchego. É estar embalado nos braços do seu maior amor, que é você mesmo. Coexistência nem sempre é possível. Aliás, diria até que é exceção.

Sugestão aos lexólogos


O que é ser feliz? De verdade, por inteiro. Não aquela alegria escusa do tudo bem. Felicidade que até dói. Isso me cheira a arco-íris. Por vezes avisto no horizonte. Logo se vai, deselegante, sem aviso, sem porquê. Os quereres, os sonhares, o que são então? Planos... quem colocou tanta coisa dentro de mim? Parece - e digo isso sussurrando, como criança temerosa de errar a resposta à sabatina - que é interrogação. Troquem!, por favor troquem o nome felicidade. Usem ?, risco sinuoso, mas sem o ponto no final. Há poder nos símbolos. Quem sabe assim essa senhora não entra no meu dia?

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Como é morar junto - ou a ciência do despropósito do dois em um


Não é só pelo sexo. É a arte de trocar sonhos e inverter escovas de dentes. Acumular tristezas, escarafunchar alegrias. Certeza imensa de que quando a própria noite estiver dormindo, por mais ingrato que tenha sido o seu dia, aquele ombro te espera. Paciente. Com um caneca de amor fumegando nas mãos. É saborear o nome dos filhos que ainda vão nascer no céu da boca do outro. É perder sua intimidade enquanto encontra a alheia. Como cabe o mundo inteiro dentro de um alguém? Ah!, é tão ridículo e piegas quanto se esperaria de coisas espetaculares...

sábado, 18 de agosto de 2007

wwwpontoligapramimpontocompontobr. E ponto final.

Para Morfeu


O perfume do chá afaga minha nuca. Insônia é como chamam quando a gente esquece que dormir é obrigação. Pra mim não. Pra mim é descaso com o tempo. Invenção mais descabida, essa de passar um terço da vida virado pra dentro. Eu quero é o mundo lá fora! Quero tudo, e ao mesmo tempo. Dois corpos não ocupam o mesmo lugar no tempo e no espaço? Esses adultos têm cada idéia...

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Abre bem os olhos e vê: até onde a vista alcança é tudo ternura....

Dói trabalhar no feriado!!!!

Minha casa tem o cheiro
da alegria perene
como aquelas flores
que se plantam a si mesmas

A arte de assoprar o canudinho

Por que voava tão alto ninguém nunca perguntara. A brisa a enolvia inteira, tão suave e ainda assim capaz de sustentar toda a sua existência. Brilhava, sem dúvida - seria alegria? Banhava-se em todas as cores que o arco-íris era capaz de emprestar. Sorria, sim, posso dizer que sorria pela simples felicidade de existir. Não se preocupava quanto ao antes, ou o depois. Em agora se resumia tudo o que importava. Como na verdade sempre acontece, nós é que nos esquecemos de que futuro e passado não são tangíveis. Nunca poderia imaginar, quem fora só sabão misturado com água, a transformação que o soprar de um canudinho podia produzir. Ali estava pois, frágil mas segura. Com aquela certeza de que as melhores coisas são apenas os instantes de uma vida de bolha de sabão.
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Porque me amas


seeuencolhesseateficarminuscula,tãopequenaquenemaparecesse.... aindaassim VOCÊ estarialá..... pormaisqueuefujaoufecheosolhos,finjanãoteconhecer, TU meconhecesdesdeoventredaminhamãe.antesqueeufosse,jámechamavaspelonome.meescondodemimnofundodocopovazio,aindalámeencontrastes.comamor,comamormechamas, AMOR éo TEU nome.eporquemeamas,esóporisso,équenãoimportamosespaços,ospontoseasinterrogações.meencontrastes, SENHOR, perdidanocentrodemimmesma.rompeocercoquemeprendeaomeueu. Liber t a - m e d e m i m . . . .

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Delírios da febre

Não te parece suficientemente óbvio? A fuga é o amor transvestido de dignidade...

Conservei em álcool minhas sinapses.....


A cabeça pulsa.... Tudo pulsa.... O copo d´água se esvai lento ante meus olhos. Sopro uma mão, depois a outra: as borboletas insistem em voar entre meus dedos. Um choro agudo, claro -Clara? - e nada mais. Quantas conexões tem um neurônio? O trilho entre eles não parece muito conservado... Ainda assim embarco nesse trem, inicio a viagem. Essa é diferente. De que me serve viajar pra fora se tenho o mundo inteiro cravado na minha medula? E essa locomotiva que não pára de pulsar, pra onde vai?


terça-feira, 7 de agosto de 2007

Ensaio



Tinha sonhado com um amor desses de cinema. Daqueles que fazem cosquinhas na mente de quem imagina. Portava o coração vazio, desnudo de amor, como era preciso. E todos os diálogos já pré-ajustados, texto lido e revisado, obra maior da sabedoria popular. Já tinha encomendado os sonhos, os desejos, as brigas. Um filho aos 29, olhos do pai, uma menina aos 31, maçãs do rosto como as da mãe. Envelhecer velinhos, que lindo!, mãos dadas no banco da praça, cada um com sua bengalinha. Faltava o ator principal. Feita a lista, qualidades enumeradas, como sempre fizera. Tudo decidido de antemão. Assim, assim e assim, ele vai ser. A audição já tinha começado.

Foi como uma noite mal dormida, a bem verdade. Daquelas que você só percebe que já é manhã quando acorda dolorida. Meu torcicolo chegou num cavalo branco, trazendo as estrelas que encontrou pelo caminho. Não, ele não sabia que já estava tudo planejado. Nem perguntou sobre meu organograma. Chegou arrombando a porta. Melhor dizendo, entrando pela fresta que eu esquecera aberta, na ânsia de arrumar a casa.
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