quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A porta respira a tua ausência.
O espelho reflete o teu rosto que não mais ri
aqui
há uma bagunça sã
propositada
pra que o teu despropositado afã de organizar
traga de volta
o corpo que roubaste dos meus
lençóis

Se eu chorasse menos talvez visse
a desordem
e não me importasse com ela
num descaso que te ferisse
como me corta a tua ausência

A janela fechada está
porque o teu calor não precisa dela
já que esse, o calor,
o teu, o tu
não está

És um espectro
que percorre a casa
e eu prendendo a respiração
tento em vão
aprisionar em mim
teu beijo, teu sexo
tua risada ampla
tua hombridade
teu suor fácil
de fantasma esquecido no tempo