domingo, 11 de maio de 2008

Catarse

A culpa não é sua. Seu é o direito de ser fraca. Ninguém é super herói.
A culpa não é minha? Quer dizer então que eu posso chorar? Achei mesmo que essa dor que vive em mim era maior do que eu posso tolerar. Mascarar a dor é só um jeito bizarro de considerá-la grande. Escondo do mundo meu coração. Mesmo escrevendo, faço por partes. Frases pequenas, pra que a beleza se superponha à dor. Hoje quero escrever feio. Palavras repetidas. Sentimentos recalcitrantes. Choro e mágoa atrasados. Não quero ter culpa por sofrer. Sei que há muitos com maiores e mais justos motivos de se sentirem mal. Hoje no avião vi quão pequenas são as montanhas que contém as casas, quão diminutas as casas que contém as pessoas, quão mínimas as pessoas que contém os problemas. Mas mínimo não é insignificante. O dedinho cortado lateja, como que pra lembrar que é pequeno, mas dói. Às vezes tanto quanto a perna dilacerada. Então, eu posso sofrer. Mas não consigo. O choro me chega na garganta e vai embora. Sinto o aperto - e desvanece. Tenho vergonha de chorar. Estou só no quarto. A vergonha é de mim mesma. Não quero me admitir frágil. Sei bem que quanto menos me conheço e me aceito, mais ridiculamente fraca eu sou. Se eu agisse conforme cada coisa que sei!!!! Preciso chorar. Não porque vi um filme, não porque ouvi uma ópera, nem pela heroína de um livro. Preciso chorar de dentro pra fora de mim. Um choro meu, não fabricado. Minha dor tem que doer. Desamortecer. Gastei tantos anos escondendo ela lá no fundo que não consigo chegar perto. Nem consigo falar o que é.

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