terça-feira, 7 de agosto de 2007

Ensaio



Tinha sonhado com um amor desses de cinema. Daqueles que fazem cosquinhas na mente de quem imagina. Portava o coração vazio, desnudo de amor, como era preciso. E todos os diálogos já pré-ajustados, texto lido e revisado, obra maior da sabedoria popular. Já tinha encomendado os sonhos, os desejos, as brigas. Um filho aos 29, olhos do pai, uma menina aos 31, maçãs do rosto como as da mãe. Envelhecer velinhos, que lindo!, mãos dadas no banco da praça, cada um com sua bengalinha. Faltava o ator principal. Feita a lista, qualidades enumeradas, como sempre fizera. Tudo decidido de antemão. Assim, assim e assim, ele vai ser. A audição já tinha começado.

Foi como uma noite mal dormida, a bem verdade. Daquelas que você só percebe que já é manhã quando acorda dolorida. Meu torcicolo chegou num cavalo branco, trazendo as estrelas que encontrou pelo caminho. Não, ele não sabia que já estava tudo planejado. Nem perguntou sobre meu organograma. Chegou arrombando a porta. Melhor dizendo, entrando pela fresta que eu esquecera aberta, na ânsia de arrumar a casa.
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2 comentários:

Anônimo disse...

Lindo demais!

Muito bom ver a sua vida se renovando! :)

Lu disse...

nossa hein cunha's q belezura... se a medicina nao der certo voce pode virar escritora... a-d-o-r-e-i tomara q vc encontre seu velhinho de bengala ( :p )....

beijinho